terça-feira, 17 de junho de 2014

Desaba(d)(f)o


Aquele vento frio que um dia batia em minhas costas voltou então nesse dia quente de outono. As folhas caiam, as cornetas tocavam, o público vibrava mas aquele rapaz continuava quieto. Em seus olhos era possível notar que algo acontecia. Ele olhava fixamente para o nada, respondia perguntas e questionamentos com coesão, mas sem emoção. Não era a primeira vez.

A porta estava fechada e dali ele apenas criava expectativas e lembrava dos conselhos sábios de que deveriam ser criados quaisquer outros sentidos, exceto este. Difícil colocar em prática. Os pensamentos em ebulição, a pele arrepiada e a boca seca. Por fora, não exprimia um nada sequer. Imóvel ali ficou e cá estava. Seus sentimentos eram tristes e aquela solidão tomava conta de tudo, solidão esta que poderia/deveria/queria não existir, pois tinha razões de sobra para comprovar que ele não estava sozinho. Nenhuma se manifestou durante todo o tempo.

Realmente ele entendia que todos tem suas prioridades e que ele, ali sentado, não era uma delas. Pelo menos não naquele dia, naquele instante. O bom ator, que mesmo todos conversando sequer percebiam que algo estava acontecendo. Que ali existia algo que poderia... ah, esquece. Ele não acredita mais.

Sentei para conversar alguns instantes com ele e percebi que realmente acontecia. Lágrimas escorriam de seus olhos secos enquanto...

...(silêncio)...

...(uma respiração profunda)...

Boa noite...

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